quarta-feira, 19 de setembro de 2012

AFINIDADES


Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi interrompido.

Ter afinidade é muito raro. Mas quando existe, não precisa de códigos verbais para se manifestar. Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixam de estar juntas.

Afinidade é ficar longe, pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavras, é receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento. Não é sentir a favor nem sentir contra... Nem é sentir para... Nem é sentir por... Nem é sentir pelo... Afinidade é sentir com.

Sentir com, é não ter necessidade de explicar o que está sentindo. É olhar e perceber... É mais calar do que falar ou quando falar, jamais explicar, apenas afirmar. Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças. É conversar no silêncio, tanto quanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidades vividas.

Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação. Porque tempo e separação nunca existiram, foram apenas oportunidades dadas pela vida, em que cada uma das partes seguiu a sua direção.
Com o tempo, e nossa vontade de crescer, tudo vai se encaixando no seu devido lugar.


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