sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Criança antiga - Para o Dia da Criança


Madô Martins* publicado na RUBEM

Tão perto do Dia das Crianças, lembrei de uma crônica escrita em 2003 exatamente para uma edição especial sobre a data e para as homenageadas, que trago de volta para ser lida ou relida. Tinha como título: "O poema de Carlinhos". Aí vai:

E como hoje é seu dia, criança, é para você que escrevo neste domingo. Já ouviu falar no poeta Carlos Drummond de Andrade? É um velhinho careca, magro e de óculos que você deve ter visto num quadro ou livro da biblioteca da escola. Se não viu, peça para a professora mostrar.

Pois bem, esse velhinho, que já morreu, foi criança um dia, como você. E quando cresceu, começou a escrever poesias – aquele jeito diferente de contar histórias sem falar muito – e deixou para a gente uma lembrança de seu tempo de menino, feita em versos.

Carlos era um garoto que morava no campo e gostava muito de ficar lendo as aventuras de Robson Crusoe, um herói antigo, bem diferente dos que hoje você vê na tevê ou nas revistas em quadrinhos.

Robson Crusoe viajava pelo mar, mas seu navio afundou. Nadou até uma ilha desconhecida, juntou os restos do navio que as ondas levaram para a praia e conseguiu sobreviver, sozinho. Em folhas de papel que deixou secar ao sol, começou a escrever um diário.

Pensava que era o único homem na ilha, quando encontrou uma espécie de índio, que morava lá, não usava roupas nem falava sua língua. E como isso aconteceu numa sexta-feira, passou a chamá-lo por esse nome. O viajante e seu amigo viveram muitas aventuras, todas contadas no tal diário, que virou o livro que Carlinhos lia e admirava. Às vezes, queria ter uma vida agitada como a de seu herói.

Na fazenda, tudo era calma e rotina. A mãe ficava costurando na sala, enquanto ele brincava e o irmãozinho dormia, tranquilo, no berço. Uma certa hora do dia, a "preta-velha" chamava para o café – e ele lembrava da voz dela, fazendo-o dormir com cantigas de ninar. Era a hora do lanche, que a cozinheira preparava com carinho.

Seu pai chegava com a noite, depois de um dia de trabalho na roça. Carlinhos não podia vê-lo da janela, mas sabia que o tempo todo ele estava lá, naqueles campos sem fim que rodeavam a casa. E olhando tudo aquilo, a sala, a mãe, o irmão bebê, a cozinheira, o mato, sentindo o calor do fogão a lenha, tendo nas mãos o livro preferido e no coração a certeza que o pai logo ia chegar, o menino entendeu, e nunca esqueceu, que sua vida era muito, muito melhor do que a de Robson Crusoe.

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Madô Martins é escritora e jornalista, com 12 livros publicados e mais de 600 crônicas impressas aos domingos no jornal A Tribuna, de Santos/SP. Na RUBEM, escreve quinzenalmente às sexta-feiras.

http://rubem.wordpress.com/2014/10/10/crianca-antiga-mado-martins/

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Conceito de desenvolvimento sustentável

"Aquele que satisfaz as necessidades da geração presente sem comprometer a habilidade das gerações futuras satisfazerem as suas necessidades." Foi cunhado em meados dos anos 80 no relatório Nosso Futuro Comum produzido por uma comissão internacional liderada pela então primeira Ministra da Noruega, Gro Brundtland, daí o relatório ser também conhecido por Relatório Brundtland.

Este relatório se tornou uma espécie de livro-texto ou referência histórica sobre os conceitos, princípios e diretrizes do desenvolvimento sustentável. Entre suas recomendações estavam:

- limitação do crescimento populacional;
- garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) em longo prazo;
- preservação da biodiversidade e dos ecossistemas, diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis;
- aumento da produção industrial nos países não-industrializados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas;
- controle da urbanização desordenada;
- integração entre campo e cidades menores e
- o atendimento das necessidades básicas (saúde, escola, moradia).