sexta-feira, 27 de abril de 2018

SEGUIR O CORAÇÃO


O coração é a fagulha do sagrado que nos habita. Somente lá encontraremos o Grande Mistério para conversar e conhecer a Sua face. É preciso que essa centelha se acenda em lanterna para iluminar o ser e entender a parte que te cabe no todo; conhecer o todo é conhecer a parte. O coração sempre vai orientar pelas escolhas que nos conduzam à plenitude através das cinco curas do espírito: a liberdade, a paz, a dignidade, o amor e a felicidade. Os remédios para todos os males do espírito têm como ingredientes essenciais as virtudes. Se a escolha não for movida por uma ou mais das nobres virtudes, tenha certeza de que a voz que a aconselhou não foi a do coração.

A humildade, a compaixão, a sinceridade, a mansidão, a misericórdia, a coragem, a alegria, a fé, entre várias outras virtudes, são os instrumentos do Caminho. Além, é claro, do amor, a virtude das virtudes pelo fato de estar presente em todas as demais. O amor é o remédio e a cura.

Para chegar ao coração é preciso estar despido das mentiras que contamos para nós mesmos; dos personagens que criamos na ilusão de melhor enfrentar a existência. O coração é o lugar da verdade; para chegar ao coração é preciso estar envolto na verdade; a verdade sobre si mesmo. Se conhecer por inteiro é pressuposto para a viagem até o coração. Por definição, o coração não é uma rota de fuga; ao contrário, é a estrada da verdade e da luta pelo autoconhecimento.

Quando somos invadidos por memórias desagradáveis durante uma oração, significa justamente aquelas situações que o nosso coração entende que devam ser pacificadas dentro de nós para que possamos seguir adiante. É parte primordial da prece. Não rejeite, sufoque ou negue essas memórias. Ao contrário, as abrace com amor. Entenda as dores que elas lhe provocam. Os sofrimentos são frutos de escolhas e entendimentos. Então, vá até as suas raízes para entender e escolher diferente e melhor, da próxima vez que uma situação parecida se apresentar. Assim você substituirá a dor do equívoco pelo ânimo do amor de prosseguir adiante. Perdoe a quem lhe magoou; cada qual oferece apenas o que tem disponível no coração naquele momento da existência. Não podemos exigir flores de um coração encoberto por pedras. De outro lado, perdoe a si mesmo pelos mesmos motivos, pelas escolhas equivocadas que fez em determinados momentos da vida. Esta é a estrada para o coração, este é o tratamento de cura. Aceite que agimos no exato limite da nossa expansão de consciência e capacidade de amar. O erro é o mapa do acerto e o impulso do aperfeiçoamento. Aproveite para fortalecer o espírito para de uma próxima vez não tropeçar; assim evoluímos.

Entenda que por detrás dos pensamentos há os sentimentos que os movimentam. É preciso serenar os sentimentos para educar os pensamentos. Aproveite a oração para isso. Sentimentos densos fazem com que naveguemos em águas turvas; precisamos de águas claras para ver com profundidade, sem a qual não encontraremos o coração e o sagrado que nele habita.


Yoskhaz é escritor. Publica seus textos no Facebook. Tomei a liberdade de compartilhá-los pelas reflexões que trazem.
Fonte: https://www.facebook.com/search/top/?q=yoskhaz

segunda-feira, 16 de abril de 2018

É DIFÍCIL?


É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.
É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada.
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.
É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.
É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.
É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.
Se você errou, peça desculpas...
É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado?
Se alguém errou com você, perdoa-o...
É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se você sente algo, diga...
É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar alguém que queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça...
É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você?
Se alguém te ama, ame-o...
É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz?
Nem tudo é fácil na vida... Mas, com certeza, nada é impossível.
Precisamos acreditar, ter fé e lutar para que não apenas sonhemos, mas também tornemos todos esses desejos, realidade!

(Glácia Daibert)


quinta-feira, 12 de abril de 2018

SUTILEZAS DO AMOR


A lei de amor substitui o individualismo pela integração das criaturas e acaba com as misérias sociais. São nuances de amor que ainda estamos aprendendo a conhecer.

Da mesma forma que usamos tão pouco de nosso cérebro material, podemos dizer que usamos menos ainda do amor que temos em potência dentro de nós.

Um amor que precisa ser desenvolvido, que cresce em situações cotidianas e tantas outras, de sofrimento, de abnegação, por um filho, um pai ou uma mãe.

Será que ainda não entendemos a razão de existir da família, do casamento, dos filhos? Existe escola de amor melhor que essa?

Quem pode afirmar que permanece o mesmo depois de se apaixonar e viver esse amor profundamente? Qual é a alma que não se entrega totalmente, quando vislumbra o amor no outro ser?

Quem é capaz de dizer que não muda em nada, após receber os filhos, e conhecer uma nova modalidade de amor, de relação, de doação? Tornar-se pai ou mãe muda totalmente uma pessoa, por mais que tenha sido só por si mesma até este momento.

Feliz daquele que, no decorrer de sua vida, ama amplamente seus irmãos em sofrimento! Aquele que acolhe irmãos aflitos, necessitando de conforto, de uma palavra, de um carinho, de um abraço, de um ombro amigo.

Feliz daquele que ama, pois não conhece nem a angústia da alma, nem a do corpo. Seus pés são leves e vive como se estivesse transportado fora de si mesmo.

(Retirado de Redação do Momento Espírita)

 


quarta-feira, 4 de abril de 2018

FICAR EM SILÊNCIO E CAMINHAR

FILÓSOFO DEFENDE A IMPORTÂNCIA DE FICAR EM SILÊNCIO E CAMINHAR


O pensador francês, autor de livros como El silencio e Elogio del caminar, descreve o seu ideário nesta entrevista concedida ao Grupo Joly, antes de pronunciar uma conferência em La Térmica.

O pensador francês David Le Breton é doutor em Sociologia pela Universidade Paris VII e professor na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Ciências Humanas Marc Bloch, de Estrasburgo. Ele publicou recentemente um livro chamado El silencioElogio del caminar e Desaparecer de sí: una tentación contemporánea, no qual afira que, a fim de combatermos a desumanização dos dias atuais, é preciso apostar em formas concretas de resistência.

Boa parte da nossa relação com o ruído procede do desenvolvimento tecnológico, especialmente em seu caráter mais portátil: sempre carregamos conosco dispositivos que nos recordam que estamos conectados, que nos avisam quando recebemos uma mensagem, que organizam os nossos horários com base no ruído. Esta circunstância veio incorporar-se às que já haviam tomado forma no século XX como hábitos contrários ao silêncio, especialmente nas grandes cidades, governadas pelo tráfego de veículos e por numerosas variedades de contaminação acústica. Neste contexto, o silêncio implica uma forma de resistência, uma maneira de manter a salvo uma dimensão interior frente às agressões externas. O silêncio permite-nos ser conscientes da conexão que mantemos com esse espaço interior, o silêncio a visibiliza, enquanto o ruído a esconde. Outra maneira de nos conectarmos com o nosso interior é o caminhar, que transcorre no mesmo silêncio. O maior problema, provavelmente, é que a comunicação eliminou os mecanismos próprios da conversação e se tornou altamente utilitarista com base nos dispositivos portáteis. E a pressão psicológica que suportamos para armazená-los é enorme.

O pensador destaca que diferentes culturas tendem a encarar o silêncio de maneira diferente. Por exemplo, na tradição japonesa existe uma noção muito importante de disciplina interior, cristalizada em sistemas de pensamento como a filosofia Zen.

O silêncio é a expressão mais verdadeira e efetiva das coisas inomináveis. E a tomada de consciência de que há determinadas experiências para as quais a linguagem não serve, ou que a linguagem não alcança, é um traço decisivo do conhecimento. Nesse sentido, tradições como a cristã, em que o silêncio é muito importante, tornam-se reveladoras: a sabedoria dirige-se a compreender o que não se pode dizer, o que transcende a linguagem. Nessa mesma tradição, o silêncio é uma via de aproximação de Deus, o que também se pode interpretar como um conhecimento. Podemos utilizar o silêncio para nos conhecermos melhor, para nos distanciarmos do ruído. E este é um valor a reivindicar no presente.

Mas como abrir espaço para o silêncio em nossas vidas? O pensador defende a meditação como uma forma de nos encontrarmos com nós mesmos, e assim criarmos um espaço de reflexão em nosso cotidiano. Para Le Breton, ter feito o caminho de Compostela foi um experiência que mudou a sua vida, nesse sentido.

"A minha melhor experiência nesse sentido, a definitiva, foi no Caminho de Santiago: quando cheguei enfim a Compostela, compreendi que eu havia me transformado completamente, depois de numerosos dias em marcha e em absoluto silêncio. Foi um renascimento."

Além do silêncio, o pensador defende a livre caminhada ou, como ele gosta de chamar, o vagar sem uma meta concreta.

Caminhar é outra forma de tomar consciência de si, de reparar no próprio corpo, na respiração, no silêncio interior. Na Idade Média havia aqueles que se dispunham intensamente a caminhar no deserto. Porém, a prática do caminhar nas cidades encerra conotações relacionadas ao prazer. Trata-se de desfrutar daquilo que você percebe, de se deleitar com os atrativos que a cidade lhe oferece pelos sentidos. É uma atividade hedonista.

O pensador comenta que atualmente o planejamento das cidades parece se opor cada vez mais ao ato de caminhar sem rumo, pois cria obstáculos à caminhada, sob a figura de shoppings e outros centros comerciais.

O fato de caminhar por suas ruas sem nenhum interesse em comprar ou em gastar dinheiro, somente em vagar sem rumo, daqui até ali, porque sim, também é uma forma de deixá-las mais humanas, de rebelar-se contra as ordens que convertem todas e cada uma das interações humanas num processo econômico.

Para o pensador francês, é possível resistir à velocidade do cotidiano e retomar controle sobre a própria vida, cultivando o silêncio e a caminhada. Em seus livros, ele aprofunda a sua reflexão e comenta como tem mantido esses hábitos em sua vida.

Extraído de https://www.maisvibes.com/ficar-em-silencio-e-caminhar-sao-hoje-em-dia-duas-formas-de-resistencia-politica/

 

segunda-feira, 2 de abril de 2018

TEMPERANÇA


A temperança é a flor da serenidade, cujas raízes estão na sensatez. Quanto menor for a dependência, de qualquer tipo ou espécie, maior será a tranquilidade do indivíduo. Quanto mais moderado em relação às minhas necessidades, mais livre consigo ser. A liberdade preserva a dignidade. Esta nos envolve em paz, que por sua vez nos permite respirar o ar puro da felicidade. Então, conseguimos amar de verdade, despojado das exigências mundanas que nos impomos.

A temperança é a arte da harmonia entre as metades na integralização do ser. Ela tem a capacidade de desnudar algumas sombras, como a volúpia, a inveja, o ciúme e a ganância, por exemplo. Ao mostrar a insensatez de muitos dos desejos do ego e a importância de valorizar as necessidades fundamentais da alma, a temperança nos orienta rumo à plenitude. Ela retira o enorme peso do ter para oferecer leveza ao ser. Não se trata de desfrutar menos a vida, mas aproveitar melhor todas as coisas que há na existência.

Como menos se torna mais diante da fortuna imaterial da plenitude. Liberdade, dignidade, paz, felicidade e amor são as flores do sagrado ocultas no jardim do mundo; encontrá-las é o encantamento da vida e o poder incomensurável da alma. Se a humildade é a virtude que abre o portal do Caminho, a temperança me equilibra através dele.