quarta-feira, 31 de julho de 2013

Lembranças

Finas e diáfanas cortinas cobrem nossa memória... Em fração de segundo, momentos únicos, congelados no tempo, retornam com a graça de outrora. Bons ou maus, fazem parte de nossa essência, de nosso passado, de nossa vida. As lembranças são bálsamos que o tempo nos permite, tesouros que ninguém pode nos tirar.

Cada bom momento fica guardado numa gavetinha, à espera de um dia em ela será aberta e seu conteúdo novamente experimentado. È maravilhoso lembrar daquilo que já foi bom um dia, mas é fundamental revivê-lo sem se perder nas brumas de um passado que não volta mais.

Há momentos em que as lembranças são o único refúgio, quando a vida parece não ter mais nada a apresentar, quando tudo se torna tão frio e hostil, que o futuro parece não mais existir. No entanto, é preciso se fortalecer nas lembranças, naquilo que já foi bom, para preparar o espírito a encarar o novo, que também pode ser belo, mesmo que haja nuvens escurecendo o mundo à nossa volta.

E os maus momentos? Também têm suas gavetinhas? Para algumas pessoas, guardar os maus momentos significa criar armas ou escudos com os quais se defender, de uma ofensa futura ou de um ato deliberado e até mesmo, calculado. Será que estas lembranças são saudáveis?... Acho que não...

Gavetinhas devem existir no coração dos homens, para guardar apenas o que é bom, pois é isso que se leva daqui, desta vida. Amargura e desilusão não devem fazer parte deste legado. É importante não deixar que as boas lembranças sejam contaminadas pela ingratidão, pelo egoísmo, pela vaidade ou pelo desamor. Mesmo que a pessoa nos prejudique ou nos ofenda, se já nos fez algo de bom, guardemos o momento precioso, mas não nos deixemos enredar pelo rancor, que corrói alma e coração...

A alma que só guarda o que é bom, segue leve ao seu destino, semeia bondade e serenidade, flutuando entre as brumas, carregando consigo o brilho de outras almas, alçando-se ao céu com sua carga preciosa.