sexta-feira, 13 de abril de 2012

SALMO DA VIDA

Ser a montanha. Ela alberga no seu esplendor todas as formas de ervas, inclusive as daninhas. Sem, contudo, querê-las menos por isso! Pois no conjunto todas as ervas contribuem para sua grandeza.

Ser o pássaro. Ao organizar seu ninho, ele dispõe por fora os gravetos mais rústicos. Assim, protege o interior, mais cômodo, onde nidifica-se na maciez da penugem. O todo é imprescindível!

Ser o rio. Quando o mesmo impõe cadência mais lenta às águas da margem, naturalmente, vai cedendo ao seu redor o alimento mais sagrado. Na pressa de chegar, podemos não cumprir a nossa missão.

Ser o sol. Não ser somente os efeitos nocivos de seus raios. Não é do sol a culpa, se o homem não respeita a si mesmo – quando ignora a natureza.  No rigor do julgamento, podemos ignorar as virtudes!

Ser a chuva: mesmo em forma de tormenta! A chuva não depende de si mesma, mas da necessidade da natureza de descarregar-se. Assim como às vezes choramos, a chuva apenas cumpre o seu papel!

Ser a floresta. Nela, todas as espécies vegetais coexistem em harmonia, não importando, se há menos nobreza numa árvore que na outra. Embora diferentes, a ordem natural torna-as iguais!

Ser a lua. Ela arremessa seus raios na extensão da terra. Seja a terra, montanha ou apenas planície. A lua espraia seu luar efêmero, sem querer nada em troca. Apenas, que saibamos compreendê-la!

Ser a árvore. Ela oferece a sombra e/ou o fruto. Sem exigir que descanse ali ou coma do seu alimento, apenas quem a semeou. De qualquer forma, a árvore doa-se para que aprendamos a doar também!

Ser um riacho. Ele desce da serra, formando pequenos remansos a que os animais bebam e se banhem ali, antes de seguirem em frente. Tal o riacho, a natureza é uma dádiva de Deus, emprestada a nós!

Ser o mar. Hora ondas, hora simplesmente mar! Sem se prender a importância de ser uma ou a outra. O mar apenas vai cumprindo sua missão. E ainda que diferentes, ondas e mar, são a mesma coisa!

Ser uma rocha. Subjugar-se à formação do líquen, e ter por isso, o parasito como seu aliado. Sem, contudo, perder sua imponência. E ainda por bem, emprestar-se à infinita composição da natureza!

Ser uma cacimba. Deixar-se fluir da terra, em forma líquida, a saciar os sedentos. Em seguida, transformar-se num riacho e, mais tarde, num grande rio. Sabendo, contudo, que voltará às origens!

Ser um fruto. Entregar-se ao saboreio, com o propósito de matar a fome de alguém, oferecendo de si o mais puro aroma – como um donativo de Deus. Na esperança de alguém enterrar sua semente!

Ser o peixe. Deixar-se cair na rede, contribuindo para a saciedade dos necessitados, como quem sabe ser abundante. De jeito que nunca venha a faltar. E assim, ser vida: tanto quanto vida, alimento!

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