sexta-feira, 20 de maio de 2011

APOCALIPSE

 Atualmente, em todos os segmentos da sociedade, verificamos situações incompreensíveis e impossíveis de aceitar: violência de toda espécie, omissão e tolerância com atos desumanos e cruéis, praticados contra pessoas indefesas, crianças, jovens e idosos...

Tudo isso não é motivado só pela carência, pela miséria ou pela falta de informação. Está presente em classes sociais mais abastadas, no Brasil e no exterior. Países de primeiro mundo vêem estarrecidos acontecimentos que não são compatíveis nem com a era das trevas que cobriu o mundo durante a Idade Média.

Pessoas privadas de sua liberdade, passam anos a fio sob o jugo de familiares, ocultas em porões, parindo filhos de abusos e criando estes filhos sob a mesma ameaça. Isso não condiz nem com a Idade Média, mas acontece em países da Europa, em pleno século XXI. Nenhum vizinho, nem a mãe, viram ou denunciaram o algoz.

Crianças inocentes sendo mortas barbaramente por madrastas ou padrastos, por motivos fúteis, sem nenhuma chance de defesa. Isso acontece no Brasil, em condomínio da classe média alta e ninguém viu quem praticou o crime. Depois, quando os casos vêm à tona, aparecem advogados para defender os criminosos, que a essa altura, já têm até direito a prisão especial, porque têm curso universitário. Fazem tudo que é possível através do poder do dinheiro e da influência, para esconder as chagas que as famílias guardam a portas fechadas.

Agora mesmo, há poucos dias atrás, uma criança de colo foi morta pelo padrasto, de maneira cruel, pelo padrasto que devia cuidar dela, enquanto a mãe trabalhava. Ela disse de nada saber, tem outros filhos, que podem ter sido vítimas também. Maus tratos que se estendiam por meses, e dos quais ninguém tomava conhecimento... Ficou apenas a dor...

Tudo isso não tem explicação, alguns podem dizer que é o final dos tempos, o Apocalipse previsto pela Bíblia. Mas, a razão deste comportamento está na raiz do problema: falta de amor, carinho e afeto na família. Faltou em algum momento, a presença do pai ou da mãe, a repreensão nos momentos certos, os limites para aprender a respeitar o direito do outro.

As pessoas não se importam mais umas com as outras, porque isso não se aprende mais... Cada um só se importa consigo mesmo, a competição começa dentro da família, prossegue na escola e termina formando cidadãos que parecem não ter mais coração. A competitividade do mundo atual, cada vez mais agressivo e condenando as pessoas à solidão, está sepultando também a solidariedade, a atenção ao vizinho de porta, ao companheiro de trabalho, para identificar possíveis problemas e oferecer ajuda, uma mão amiga, um ombro para chorar.

Hoje, ninguém confia em ninguém, com medo de perder seu posto, o poder ou o dinheiro. Mesmo que isso implique em adotar condutas prejudiciais e condenáveis. A ética não tem mais espaço, é apenas mais uma palavra, sem sentido, na boca de todo mundo. Assim, vamos ficando cada vez mais sós, reféns das fraquezas da nossa sociedade, das mazelas escondidas sob as aparências, dos relacionamentos superficiais e sem sentido, caindo no vazio da falta de amor.



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