terça-feira, 30 de abril de 2013

Desprenda-se!


A chegada do outono traz, consigo, uma simbologia repleta de significados. Se abrirmos bem os olhos e o coração, compreenderemos que esta época do ano representa a fase do desprendimento. Vamos refletir juntos sobre isso?
Como aprendemos desde cedo na escola, o período do outono caracteriza-se pela queda de temperatura em relação ao verão e, também, por ser o momento em que frutos e folhas caem ao chão. Os primeiros amadurecem, enquanto os segundos, desprovidos de nutrientes, desprendem-se dos galhos para dar lugar a uma nova fuligem.
Trata-se de um processo natural que nós, seres humanos, temos a oportunidade de presenciar por toda a vida. Mais que natural, essa fase de transição é necessária para que árvores e plantas em geral possam seguir em frente para cumprir seu papel continuadamente. É uma tática de sobrevivência, afinal, sem essa troca, não há vida.
Veja o quanto isso é simbólico. Se a natureza desses seres vivos tão essenciais para nossa existência é marcada por uma fase de transição e de renovação obrigatória, por que nós, humanos, temos tanta dificuldade em aceitar esses mesmos períodos?
Com frequência, diante da possibilidade e da necessidade de mudança, ficamos acuados. Ainda mais quando tal transformação exige que abramos mão de algo que nos pertence, que é parte de quem somos. Deixamos de perceber que, se não houver espaço para o novo, continuaremos a viver do que é antigo.
O que é antigo nem sempre é descartável, evidentemente. Ainda assim, é importante analisar constantemente de onde estamos vindo e o que estamos trazendo em nossa bagagem antes de continuarmos a trajetória da vida. Essa autoanálise constante permite a cada um de nós encontrarmos os pontos em que podemos ser melhores, muito melhores. E, ainda, faz-nos perceber se estamos carregando mais peso do que deveríamos em nossa mochila emocional, espiritual, física, intelectual e comportamental.

É verdade: mudar, de alguma maneira, significa renascer. E desprender-se, de toda maneira, significa abraçar a possibilidade da mudança.
O meu convite, então, é para que você aproveite essa nova estação do ano e proponha-se ao exercício do desprendimento e do desapego. Se quiser, abra armários, vasculhe prateleiras e tire um tempo para se desfazer de tudo o que não lhe serve mais. Veja quantas roupas, objetos e tranqueiras ficaram empilhadas ao longo dos anos sem qualquer uso. Despeça-se e, então, crie espaço para as novidades. O gesto, simbólico como o outono, pode ajudar no processo de desprendimento.
Se quiser ir mais a fundo, investigue seus comportamentos. Veja quais padrões de atitudes têm o acompanhado por toda a vida sem que você sequer tenha notado. Analise bem de perto se esses padrões trazem resultados positivos ou negativos. Decida por desprender-se deles quando achar necessário.
Assim, quando a primavera se estabelecer na sua vida, as mudanças às quais você se proporcionou começarão a trazer frutos. Pode ser que eles sejam ainda mais saborosos, pode ser que não. De qualquer forma, no próximo ano, um novo outono e uma nova primavera chegarão para mostrar que nunca é tarde para desprender-se e dar início a novas transições.

(Heloisa Capelas)

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